Os Ultimos Momentos De João paulo II

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Ultimos momentos de João paulo II. O secretário pessoal de João Paulo II , Cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo de Cracóvia, seu colaborador durante 40 anos, acaba de publicar um livro, a partir de uma série de entrevistas ao jornalista Gian Franco Svidercoschi, que se intitula " Uma vida com Karol ". Aqui vai um trecho do livro, capítulo 35 sobre os últimos momentos do Papa João Paulo II \aqui na terra.



_ Eram 21,37. Havíamos percebido que o Santo Padre deixara de respirar, mas só naquele momento vimos no monitor que seu grande coração, depois de haver batido por uns instante, se detivera.
O doutor Buzzonetti inclinou-se sobre ele e lançando apenas um olhar, murmurou: " Passou à casa do Senhor ".Alguém deteve os ponteiros do relógio à àquela hora. Nós como se houvéssemos decidido todos de uma vez, começamos a cantar o Te Deum. Não o Réquiem, porque não era um luto, mas o Te Deum, como agradecimento ao Senhor pelo dom que nos havia dado, o dom da pessoa do Santo Padre Karol Wojtyla.
Chorávamos, como se podia não chorar!
Eram, por sua vez, lágrimas de dor de alegria . Foi então que se acenderam todas as luzes da casa. Depois, não recordo mais. Era como se, de repente, tivesse caído as trevas. As trevas sobre mim.
Sabia que aquilo havia acontecido, mas era inevitável. Todas as pessoas importantes tinham vindo de longe. Na praça de São Pedro havia uma grande luz; e agora voltou também dentro de mim.
Concluída a homilia, o Cardeal Ratzinger fez aquela alusão à janela, e disse que ele estava seguramente ali, vendo-nos abençoando-nos. também eu me voltei, não pude menos que voltar-me, mas não elevei meu olhar para a janela. Ao final. quando chegamos às portas da Basílica, os que levavam o féretro o giraram lentamente, como para permitir-lhe um último olhar para sua Praça.
A despedida definitiva dos homens, do mundo. também a sua despedida de mim? Não, de mim não. Naquele momento, não pensava em mim. Vivi esse momento junto a muitos outros, e todos estávamos abalados, perturbados, mas para mim foi algo que nunca poderei esquecer. O cortejo estava entrando na basílica; devim levar o Féretro à tumba. Então, justamente então, pensei: acompanhei-o durante quase quarenta anos, primeiro em Cracóvia, depois vinte e sete anos em Roma. Sempre estive com ele, ao seu lado. Agora, no momento da da morte, ele caminhava sozinho, E este facto, o não ter podido acompanhá-lo, doeu-me muito. Sim, tudo isso é verdade, mas ele não nos deixou. Sentimos sua presença, e também tantas graças obtidas através dele.


Walfrido Barbosa

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